Região registra mais de 8 mil pessoas com autismo e 42 mil com deficiência, revela IBGE
Dados inéditos sobre a população diagnosticada com autismo, divulgados pelo Censo Demográfico 2022 do instituto, apontam um novo panorama de inclusão e desafios para as cidades da região; pela primeira vez, o levantamento censitário identificou pessoas com TEA e permitirá planejamento
Somando os dados de Hortolândia, Sumaré, Paulínia, Monte Mor
e Nova Odessa, a região contabiliza 8.408 moradores com diagnóstico de autismo
e 42.467 pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa um dado
relevante para o planejamento de políticas públicas voltadas à saúde, educação,
assistência social e acessibilidade, segundo o governo federal.
Em Sumaré, o município com os maiores números absolutos da
região, 3.193 pessoas foram diagnosticadas com autismo, enquanto outras 15.621
pessoas com dois anos ou mais declararam ter algum tipo de deficiência. Já
Hortolândia, que também se destaca, contabilizou 2.806 moradores com TEA e
14.370 pessoas com deficiência.
Na cidade de Paulínia, os números também são significativos:
1.095 pessoas com autismo e 4.918 com deficiência. Em Monte Mor, o Censo 2022
do IBGE identificou 599 pessoas com autismo e 4.021 com algum tipo de
deficiência. Por fim, em Nova Odessa, foram registrados 715 casos de autismo e
3.537 pessoas com deficiência.
O Censo 2022 expõe a realidade numérica das pessoas com
deficiência e com autismo no Brasil, com dados que permitem que gestores
públicos desenvolvam políticas mais assertivas, especialmente em áreas como
saúde mental, inclusão escolar e acessibilidade urbana. No Brasil, são 14,4
milhões de pessoas com deficiência, o que representa 7,3% da população com dois
anos ou mais. Além disso, foram identificadas 2,4 milhões de pessoas com
autismo.
A apresentação dos números sobre autismo foi feita
separadamente em cumprimento à Lei 13.861/2019, que determina a inclusão de
informações que tratam do tema nos censos demográficos. Entretanto, pessoas com
deficiência psicossocial e outros tipos de deficiência continuam sendo
contabilizadas na categoria geral de pessoas com deficiência.
A secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Anna Paula Feminella, ressaltou que a divulgação dessas informações é fundamental para permitir que o Estado aprimore suas ações para a garantia de direitos.
“Os números são
importantes para que possamos desenvolver políticas públicas mais direcionadas
a esse segmento da população, que historicamente tem sido invisibilizado devido
às múltiplas barreiras enfrentadas na sociedade — sejam elas arquitetônicas,
urbanísticas ou comunicacionais. Embora sejam dados iniciais, eles servem como
referência para qualificar as políticas públicas, fortalecer o controle social
e ampliar a visibilidade das pessoas com deficiência no âmbito legislativo e
governamental”, frisou.
Os dados do Censo também revelam que os nove estados da
região Nordeste apresentaram percentuais de pessoas com deficiência superiores
à média nacional, que é de 7,3% entre os 14,4 milhões de brasileiros que
declararam algum tipo de deficiência — número que, neste caso, não inclui os
diagnósticos de autismo, considerados separadamente na pesquisa.
O diretor dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Andrei Suarez Dillon Soares, destacou ações essenciais da pasta que têm sido implementadas nos estados. “O Ministério dos Direitos Humanos já executou pilotos da avaliação biopsicossocial da deficiência no Piauí e na Bahia, sendo que os estados da região também respondem pela maior parte das adesões ao Plano Viver sem Limite”, destaca.
ACESSO À EDUCAÇÃO
No Brasil, o acesso à educação ainda é marcado por
desigualdades significativas para as pessoas com deficiência. Entre aquelas com
25 anos ou mais, 63,1% não completaram o ensino fundamental — quase o dobro da
proporção observada entre as pessoas sem deficiência (32,3%). Além disso,
apenas 7,4% das pessoas com deficiência concluíram o ensino superior, frente a
19,5% entre as pessoas sem deficiência.
Considerando a conclusão da educação básica obrigatória
(pelo menos o ensino médio), os dados também revelam outra disparidade: apenas
25,2% das pessoas com deficiência alcançaram esse nível, enquanto entre as
pessoas sem deficiência esse percentual mais do que dobra, chegando a 53,4%.
MAIOR PROPORÇÃO DO AUTISMO ESTÁ NA FAIXA ENTRE 5 E 9 A ANOS
O Censo 2022 trouxe, pela primeira vez, dados sobre pessoas
com autismo, a partir de um quesito incluído no questionário da amostra. Nele,
o informante do domicílio indicava se algum morador havia recebido diagnóstico
de autismo por um profissional de saúde. Os resultados revelaram que 2,4
milhões de pessoas declararam ter recebido esse diagnóstico. A prevalência foi
maior entre os homens (1,5%) do que entre as mulheres (0,9%), o que corresponde
a 1,4 milhão de homens e 1 milhão de mulheres.
A maior proporção de diagnósticos foi observada na faixa
etária de 5 a 9 anos, com 2,6% das crianças identificadas com TEA. Em termos
regionais, as variações não foram grandes: o Centro-Oeste apresentou a menor
taxa, com 1,1% da população diagnosticada, enquanto as demais regiões
registraram 1,2%. Em números absolutos, o Sudeste concentrava a maior
quantidade de pessoas diagnosticadas (pouco mais de 1 milhão), seguido pelo
Nordeste (633 mil), Sul (348,4 mil), Norte (202 mil) e Centro-Oeste (180 mil).
Anna Paula Feminella frisa que a coleta inédita de dados
sobre autismo reafirma o compromisso da União com a pauta. “Ao apresentar esses
dados inéditos, o governo federal reafirma seu compromisso com a inclusão e a
visibilidade das pessoas com deficiência e das pessoas autistas em todo o território
nacional”, afirma.
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