Vereador Clodoaldo propõe reversão de multas ambientais para municípios
De acordo com parlamentar, multa aplicada pela Cetesb à Sabesp por infrações ambientais devido a problemas na ETE Hortolândia fortaleceria fundo municipal e recuperação de áreas degradadas; valor arrecadado vai para o Estado
O vereador de Hortolândia, Clodoaldo Santos da Silva
(Podemos), apresentou nesta semana moção direcionada à Assembleia Legislativa
do Estado de São Paulo (Alesp). A proposta solicita que parte dos valores
arrecadados com multas ambientais aplicadas por órgãos estaduais, como a
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), seja revertida diretamente
aos Fundos Municipais de Meio Ambiente dos municípios onde as infrações
ocorreram.
Segundo o parlamentar, a medida busca corrigir uma distorção
no atual sistema de arrecadação de multas ambientais. “Hoje, todo o valor
arrecadado vai para o Estado, enquanto os impactos ambientais permanecem nas
cidades, que são as primeiras a sentir os efeitos e também as que mais investem
em fiscalização e recuperação ambiental”, explica Clodoaldo.
Um exemplo recente citado pelo vereador é a multa superior a
R$ 3 milhões aplicada pela Cetesb à Sabesp por problemas de mau cheiro causados
a ao menos nove bairros em decorrência da gestão da Estação de Tratamento de
Esgoto (ETE) de Hortolândia. Mesmo sendo diretamente afetado pelos problemas
ambientais, o município não recebe parte desse recurso para aplicar em ações
locais de mitigação, como o combate aos odores, reflorestamento, educação
ambiental e recuperação de áreas degradadas.
“A ideia é simples e justa: quem sofre os danos precisa ter recursos para agir. Reverter parte das multas para os fundos municipais fortalece a gestão ambiental local e torna as políticas públicas mais efetivas”, destacou.
NOVA VISTORIA
A Sabesp foi multada em R$ 3 milhões após nova vistoria da
Cetesb na Estação de Tratamento de Esgoto. A fiscalização foi realizada nos
dias 16 e 17 de junho, motivada por denúncias de moradores incomodados pelo
forte odor proveniente da unidade, que mais uma vez se espalhou por diversos
bairros da cidade.
Segundo informações da Cetesb ao Tribuna Liberal, os
técnicos identificaram a emissão de odores “fora dos limites da propriedade” da
ETE, o que configura infração ambiental. Além disso, foi constatado o
lançamento de efluentes diretamente no solo, agravando ainda mais o cenário.
Diante das irregularidades, a companhia ambiental aplicou
uma nova multa à Sabesp e determinou a adoção de medidas imediatas para
corrigir as falhas operacionais.
Esta não é a primeira vez que a companhia é autuada pela
situação na ETE Jatobá. Entre novembro de 2024 e maio de 2025, a Sabesp já
havia recebido 11 multas progressivas e duas advertências, totalizando R$
962.886,00 em penalidades. As sanções anteriores também estavam relacionadas à
emissão contínua de odores e ao transbordamento de efluentes na lagoa de
decantação da estação.
Moradores das imediações relatam que o problema se
intensifica especialmente no período da noite. Em alguns casos, o cheiro forte,
semelhante ao de esgoto, chega a invadir residências, causando náuseas e grande
desconforto.
A moção será encaminhada à Assembleia Legislativa, para que
os deputados estaduais avaliem a possibilidade de transformar a proposta em
legislação estadual.
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