Política
Apuração será realizada depois de requerimento da deputada Ana Perugini ser aprovado

Comissão da Alesp vai à Hortolândia investigar denúncias contra Sabesp

Visita foi solicitada pela deputada estadual Ana Perugini e tem como objetivo apurar problemas no abastecimento de água e tratamento de esgoto; moradores relatam mau cheiro, cor alterada da água e demora na retomada dos serviços

A Comissão de Assuntos Metropolitanos e Municipais da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) fará uma diligência em Hortolândia para investigar denúncias contra a Sabesp. A empresa, privatizada em 2024, é responsável pelo fornecimento de água e esgoto no município desde 1997.

A diligência, cuja data será definida, terá como objetivo verificar in loco as reclamações recorrentes da população sobre a qualidade dos serviços. Entre os principais problemas relatados estão água com mau cheiro, aspecto amarelado e longas demoras na retomada do abastecimento em casos de rompimento de tubulações. A fiscalização ocorrerá após aprovação de um requerimento da deputada estadual Ana Perugini (PT).

Segundo Ana Perugini, que é vice-presidente da comissão, a fiscalização é urgente diante do acúmulo de queixas. “É inaceitável que a população de Hortolândia conviva diariamente com falhas tão graves em serviços essenciais. A diligência é uma forma de dar resposta aos moradores e cobrar a responsabilidade da Sabesp”, afirmou a parlamentar.

A deputada já havia apresentado, em junho, uma série de requerimentos cobrando explicações da empresa e de órgãos de controle. Foram oficiados a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, o diretor-presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos (Arsesp), Thiago Mesquita Nunes, e a Companhia Ambiental do Estado (Cetesb). A Cetesb, por sua vez, acumula multas milionárias aplicadas à Sabesp por falhas na operação, incluindo denúncias de mau cheiro emitido pela Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Jatobá.

RELATÓRIO DA ARSESP

Um relatório técnico da Arsesp revelou deficiências na operação da Estação de Tratamento de Esgoto. Entre as irregularidades apontadas pelo órgão estão o manejo inadequado do lodo, falta de manutenção e operação acima da capacidade projetada, fatores que têm provocado odores e impactos negativos à qualidade de vida dos moradores de vários bairros ao entorno.

De acordo com o documento, há anos não é realizado o processo de dragagem – etapa fundamental para o bom funcionamento da estação. O relatório ainda indica que tubulações e equipamentos apresentam sinais de desgaste e falta de manutenção adequada, o que contribui para vazamentos e eleva os riscos de falhas operacionais.

A estação funciona com uma vazão acima do recomendado em seu projeto original. A Arsesp identificou que a estação opera com uma vazão de 422 litros por segundo, valor consideravelmente acima do recomendado pelo projeto original, que previa capacidade para 315 litros por segundo.

O estudo destaca que a emissão de odores é consequência direta de má gestão operacional, sobretudo de negligência no manejo de lodo, caracterizando uma prestação incorreta do serviço. A situação da ETE já foi alvo de protestos de moradores e cobranças da Prefeitura de Hortolândia.

No início de julho, a prefeitura e a Sabesp anunciaram uma série de investimentos para transformar a infraestrutura de saneamento da cidade. O pacote de obras, que totaliza R$ 256 milhões até 2029, foi detalhado durante reunião entre o prefeito Zezé Gomes e representantes da Companhia. O encontro também teve como foco a situação emergencial da ETE. O prefeito Zezé Gomes foi enfático ao cobrar providências urgentes para resolver o problema de odor gerado pela estação.

30 DE SETEMBRO

Em agosto, Zezé Gomes participou de uma visita técnica à ETE para acompanhar o andamento das obras emergenciais de limpeza e retirada do lodo das lagoas de decantação. Durante a visita, a Sabesp anunciou que mais de 70% dos trabalhos já foram concluídos e estabeleceu 30 de setembro como prazo para a finalização desta primeira etapa.

O investimento total na ação emergencial é de cerca de R$ 28 milhões. Após a conclusão da limpeza e retirada do lodo, será iniciada a substituição de equipamentos, prevista para ocorrer até outubro.


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