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Mais uma moradora do São Sebastião foi despejada após protestos; impasse pode afetar cerca de 200 pessoas

Moradora de Hortolândia é alvo de ordem de despejo e deixa residência

Polícia Militar cumpriu nova reintegração de posse em imóvel do Jardim São Sebastião e entre afetados está mulher da Rua das Violetas que vivia há cerca de 30 anos na casa; ordens de despejo podem atingir mais pessoas no bairro

A manhã desta segunda-feira (18) foi marcada por mais uma ação de despejo no Jardim São Sebastião, em Hortolândia. A Polícia Militar atuou no cumprimento da ordem judicial na Rua das Violetas, onde uma moradora que residia há aproximadamente 30 anos precisou deixar o imóvel. Desolada, ela disse não ter para onde ir após a desocupação.

Moradores do bairro já haviam realizado protestos na Rua das Roseiras contra os despejos que ameaçam dezenas de famílias. A manifestação ocorreu mesmo após a suspensão temporária da ordem contra outro morador, que conseguiu recurso judicial para permanecer provisoriamente na casa. Durante o ato, moradores classificaram a situação como “covardia” e “falta de respeito”, exigindo justiça e uma solução definitiva.

As ações de reintegração de posse decorrem da aquisição, por empresas privadas, de direitos creditórios de imóveis de uma antiga construtora junto à Caixa Econômica Federal. Com isso, os atuais moradores receberam intimações com prazos curtos e cobranças elevadas, em alguns casos de até R$ 190 mil, sob pena de despejo imediato.

Embora não seja parte nos processos judiciais, a Prefeitura de Hortolândia reconhece a gravidade social do caso e informou que vem articulando diálogos com a Defensoria Pública, o Ministério Público e o Judiciário. Um levantamento social está em andamento para avaliar a inclusão das famílias em programas habitacionais, conforme os critérios legais. Além disso, a administração estuda a viabilidade de regularização fundiária da área, caso haja respaldo jurídico.

PROPOSTA HABITACIONAL

O Tribuna Liberal mostrou neste domingo (17) que a prefeitura encaminhou à Câmara Municipal um projeto de lei que altera legislação de 2009, ampliando de 2 para 15 anos o tempo mínimo de residência exigido para famílias participarem de programas habitacionais de interesse social no município. A proposta, aprovada pelo Conselho Municipal de Habitação, pretende priorizar cidadãos que vivem há mais tempo na cidade e aguardam há anos na fila por uma moradia. De acordo com a Secretaria Municipal de Habitação, mais de 11 mil famílias inscritas no cadastro municipal atendem ao novo critério — muitas delas vivendo em submoradias, áreas de risco ou enfrentando ônus excessivo com aluguel.

Segundo a prefeitura, a mudança busca corrigir distorções do sistema atual, que não diferencia famílias que estão na cidade há décadas de recém-chegados, além de conter o crescimento desordenado e impedir a migração de moradores de outras cidades motivada pela expectativa de atendimento rápido.

O levantamento histórico mostra que Hortolândia, apesar de ter produzido cerca de 3.800 unidades habitacionais desde a década de 1990, ainda enfrenta um déficit superior a 4 mil moradias, conforme o Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS) atualizado em 2024.

PREFEITURA ACOMPANHA REINTEGRAÇÃO E OFERECE ASSISTÊNCIA ÀS FAMÍLIAS 

A Prefeitura de Hortolândia divulgou nota oficial nesta segunda-feira (18) informando que tem conhecimento da reintegração de posse realizada em uma área particular no Jardim São Sebastião. A administração municipal ressaltou que está acompanhando a situação e que permanece à disposição para oferecer suporte às famílias envolvidas.

Segundo a nota, a Secretaria de Habitação está mobilizada para prestar a devida assistência às pessoas que forem afetadas pela ação. “A Prefeitura de Hortolândia informa que tem conhecimento da reintegração de posse em área particular no Jardim São Sebastião. O município está à disposição, por meio da Secretaria de Habitação, para prestar assistência a quem necessitar”, diz o comunicado.

 


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