Coluna Olhar de Dentro
Exposição e adultização infantil: um problema urgente
Nos últimos dias, o tema da “adultização” e da exposição
excessiva de crianças e adolescentes nas redes sociais ganhou grande repercussão
nacional após denúncias recentes. Embora esse problema já exista há anos,
apenas agora deram a devida atenção. O motivo dessa mobilização repentina ainda
não é totalmente claro, mas necessária, discute-se a adoção de medidas que, por
enquanto, também não estão totalmente definidas. Vale lembrar que o Brasil já
conta com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante proteção
integral a menores de idade e estabelece seus direitos e deveres,
reconhecendo-os como sujeitos de direitos e determinando prioridade absoluta no
atendimento às suas necessidades.
A internet pode ser uma grande aliada no aprendizado e no
entretenimento, mas também traz riscos sérios, especialmente quando o assunto é
a exposição de crianças a conteúdos inadequados. A chamada “adultização” ocorre
quando menores são apresentados ou incentivados a comportamentos e aparências
que não condizem com sua idade, muitas vezes impulsionados pela busca de
engajamento e monetização nas redes.
Essa prática pode parecer inofensiva para alguns, mas
especialistas alertam para os impactos emocionais e sociais que ela provoca.
Crianças que são inseridas nesse tipo de conteúdo tendem a reproduzir falas,
gestos e estilos de vida de adultos, o que interfere no seu desenvolvimento
natural e as expõe a riscos significativos.
Casos assim não estão restritos a vídeos ou postagens
isoladas. A própria indústria do entretenimento já abordou a complexidade da
adolescência em produções dramáticas, como a recente série britânica
“Adolescência”, que retrata de forma intensa os desafios dessa fase e como o
ambiente social influencia o comportamento de jovens. Embora seja uma obra de
ficção, ela serve como alerta sobre os efeitos que ambientes e estímulos
inadequados podem ter na formação de caráter e na saúde emocional de
adolescentes.
As redes sociais, por sua vez, funcionam a partir de
algoritmos que promovem conteúdos com base nas interações dos usuários. Quando
vídeos com apelo adulto envolvendo menores recebem muitas visualizações, tendem
a ser ainda mais recomendados, aumentando o alcance e a exposição. Por isso,
especialistas reforçam a importância de supervisão, controle de privacidade e,
principalmente, de denunciar qualquer conteúdo que coloque crianças em risco.
Entre as medidas essenciais para proteção, destacam-se:
• Supervisão constante: Acompanhamento próximo do uso que
crianças fazem das redes.
• Configurações de privacidade: Perfis restritos e sem
compartilhamento de informações pessoais.
• Conteúdo apropriado: Postagens alinhadas à faixa etária.
• Denúncia: Utilizar canais oficiais como o Disque 100 ou
ferramentas das próprias plataformas.
A proteção da infância é responsabilidade de todos: pais,
responsáveis, educadores, plataformas digitais, governo a sociedade em geral. É
preciso agir para garantir que crianças e adolescentes possam aprender, se
divertir e crescer de forma saudável.
E você, já parou para pensar nos conteúdos que nossas
crianças estão consumindo e produzindo nas redes? Estamos realmente atentos
para evitar que a exposição excessiva comprometa o futuro delas?
Juçara Rosolen é mãe, cristã, empreendedora, palestrante e escritora. É formada em Pedagogia, Letras e Direito. Proprietária e fundadora do Grupo Aposerv, que há 16 anos se dedica aos serviços previdenciários administrativos. É Ex-Presidente da ACINO e atual Presidente do Lions Club de Nova Odessa.
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