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Marina Rocha Luciano é nutricionista clínica esportiva e atua na promoção da saúde e qualidade de vida

Coluna Além do Prato

Nem todo “fit” é saudável: como entender os alimentos industrializados

Nos últimos anos, as prateleiras dos mercados foram tomadas por produtos com rótulos chamativos: “fit”, “zero açúcar”, “light”, “integral”, “proteico”. À primeira vista, parece que basta escolher um desses para estar automaticamente fazendo uma boa escolha. Mas será que é bem assim?

Para responder, precisamos entender como os alimentos são classificados. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, eles se dividem em quatro grupos. Os in natura são aqueles que vêm diretamente da natureza, como frutas, verduras, ovos, leite e carnes frescas. Os minimamente processados passam por pequenas modificações, mas preservam suas características, como arroz, feijão ou vegetais congelados. Já os processados recebem adição de sal, óleo ou açúcar para conservação e sabor, como queijos, pães ou conservas. Por fim, os alimentos ultraprocessados são produtos industrializados prontos para consumo ou aquecimento, que combinam múltiplos ingredientes, incluindo aditivos que conferem sabor, aroma, textura ou aumentam a conservação.

Dentro da categoria de ultraprocessados, há produtos que geralmente não são recomendados para consumo frequente, como macarrão instantâneo, salgadinhos e outras comidas prontas industrializadas. Mas também existem alimentos ultraprocessados vendidos como opções mais saudáveis, ou seja, produtos com a ideia de serem “fit”, principalmente aqueles que alegam ter proteína na composição ou menos açúcar, mas que ainda se enquadram na categoria ultraprocessada.

Barrinhas de proteína, iogurtes proteicos, snacks, refrigerantes zero e biscoitos industrializados também entram nessa categoria. Isso não significa que não possam ser consumidos: esses produtos podem ter papel estratégico, principalmente em momentos de praticidade ou quando há necessidade específica de energia. O que deve ser evitado é que eles se tornem a base da alimentação diária.

O mais importante é compreender o contexto alimentar. Um alimento isolado não traz grandes prejuízos nem grandes benefícios. O que realmente impacta na saúde e nos resultados que você deseja alcançar é o conjunto de escolhas feitas ao longo do tempo, todos os dias.

Para fazer escolhas mais seguras, a dica prática é aprender a ler os rótulos. Quanto menor e mais conhecida a lista de ingredientes, melhor. O primeiro item listado é o que está presente em maior quantidade. Já na tabela nutricional, vale prestar atenção ao excesso de açúcar, sódio e gorduras. E nunca se deixe guiar apenas pelo marketing: palavras como “zero”, “light”, “fit” ou “integral” não garantem qualidade nutricional por si só.

No fim das contas, não se trata de nunca consumir ultraprocessados, mas de ter clareza e consciência sobre o que está no seu prato. Informação traz liberdade: quanto mais você entende o que consome, mais seguro se torna para fazer escolhas equilibradas, sem culpa, sem terrorismo nutricional e com muito mais saúde no longo prazo.

Marina Rocha Luciano é nutricionista clínica esportiva, formada pela UNICAMP (Universidade de Campinas) e com pós-graduação pela USP (Universidade de São Paulo). Atua com foco na promoção da saúde e qualidade de vida, melhora da composição corporal e da performance esportiva. Por meio de uma nutrição com propósito, respaldada na ciência, busca promover autonomia alimentar com estratégias individualizadas, eficazes e sustentáveis. Atende na clínica Centerclin, em Sumaré.

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