Coluna Além do Prato
Nem todo “fit” é saudável: como entender os alimentos
industrializados
Nos últimos anos, as prateleiras dos mercados foram tomadas
por produtos com rótulos chamativos: “fit”, “zero açúcar”, “light”, “integral”,
“proteico”. À primeira vista, parece que basta escolher um desses para estar
automaticamente fazendo uma boa escolha. Mas será que é bem assim?
Para responder, precisamos entender como os alimentos são
classificados. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, eles se
dividem em quatro grupos. Os in natura são aqueles que vêm diretamente da
natureza, como frutas, verduras, ovos, leite e carnes frescas. Os minimamente
processados passam por pequenas modificações, mas preservam suas
características, como arroz, feijão ou vegetais congelados. Já os processados
recebem adição de sal, óleo ou açúcar para conservação e sabor, como queijos,
pães ou conservas. Por fim, os alimentos ultraprocessados são produtos
industrializados prontos para consumo ou aquecimento, que combinam múltiplos
ingredientes, incluindo aditivos que conferem sabor, aroma, textura ou aumentam
a conservação.
Dentro da categoria de ultraprocessados, há produtos que
geralmente não são recomendados para consumo frequente, como macarrão
instantâneo, salgadinhos e outras comidas prontas industrializadas. Mas também
existem alimentos ultraprocessados vendidos como opções mais saudáveis, ou
seja, produtos com a ideia de serem “fit”, principalmente aqueles que alegam
ter proteína na composição ou menos açúcar, mas que ainda se enquadram na
categoria ultraprocessada.
Barrinhas de proteína, iogurtes proteicos, snacks,
refrigerantes zero e biscoitos industrializados também entram nessa categoria.
Isso não significa que não possam ser consumidos: esses produtos podem ter
papel estratégico, principalmente em momentos de praticidade ou quando há
necessidade específica de energia. O que deve ser evitado é que eles se tornem
a base da alimentação diária.
O mais importante é compreender o contexto alimentar. Um
alimento isolado não traz grandes prejuízos nem grandes benefícios. O que
realmente impacta na saúde e nos resultados que você deseja alcançar é o
conjunto de escolhas feitas ao longo do tempo, todos os dias.
Para fazer escolhas mais seguras, a dica prática é aprender
a ler os rótulos. Quanto menor e mais conhecida a lista de ingredientes,
melhor. O primeiro item listado é o que está presente em maior quantidade. Já
na tabela nutricional, vale prestar atenção ao excesso de açúcar, sódio e
gorduras. E nunca se deixe guiar apenas pelo marketing: palavras como “zero”,
“light”, “fit” ou “integral” não garantem qualidade nutricional por si só.
No fim das contas, não se trata de nunca consumir ultraprocessados, mas de ter clareza e consciência sobre o que está no seu prato. Informação traz liberdade: quanto mais você entende o que consome, mais seguro se torna para fazer escolhas equilibradas, sem culpa, sem terrorismo nutricional e com muito mais saúde no longo prazo.
Marina Rocha Luciano é nutricionista clínica esportiva, formada pela
UNICAMP (Universidade de Campinas) e com pós-graduação pela USP (Universidade
de São Paulo). Atua com foco na promoção da saúde e qualidade de vida, melhora
da composição corporal e da performance esportiva. Por meio de uma nutrição com
propósito, respaldada na ciência, busca promover autonomia alimentar com
estratégias individualizadas, eficazes e sustentáveis. Atende na clínica
Centerclin, em Sumaré.
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